A Priprioca é uma erva, parente
do junco e do papiro. Suas raízes liberam uma fragrância leve, sendo amadeirada
e floral ao mesmo tempo, com leve toque e picante. É um dos perfumes tradicionais
da região amazônica. Seu óleo essencial tem cor avermelhada e é bastante
valorizado na indústria farmacêutica e cosmética. É considerada uma “invasora”
e seu parentesco com a tiririca provoca um certo receio quanto ao seu cultivo.
No entanto, a priprioca não se alastra da mesma maneira, além de ser menos
prolífera e competitiva do que sua parente. Suas fibras e rizomas são muito
utilizadas no artesanato. Além do perfume exuberante, os produtos são
resistentes ao mofo, talvez por conta das propriedades antifúngicas do óleo
essencial. De produção limitada (centrada no
norte do Brasil) é um óleo de uso recente, que vem sendo estudado desde a
década de 60, época nas quais suas primeiras dinitrofenilhidrazonas foram
identificadas.
Família: cyperaceae
Parte utilizada da planta: raízes/tubérculos
Processo de extração: Destilação
a vapor, com baixo rendimento em óleo, apenas 0,7% em média. Em um trabalho
feito na a Faculdade de Química do Instituto de Ciências Exatas e Naturais da
Universidade Federal do Pará, o pesquisador Joaquim de Carvalho Bayma constatou
a necessidade de 400 quilos de raízes da espécie para a produção de 1 litro de óleo essencial.
Cyperus articulatus - o óleo é retirado da destilação das raízes |
Principais componentes químicos: sua composição química é riquíssima e apresenta uma grande
variedade de elementos, dentre os quais podemos destacar: mustakone (9,8 a 14,5%), óxido de
cariofileno (4,6 a
10,8%), alfa-pineno (5,7 a 12,3%), beta-pineno (4,2 a 6,6%),
trans-pinocarveol (5,5 a
6%), mirtenal + mirtenol (5,8 a 6,3%), ledol (3,2 a 4,6%),
cyperotundone (3,7 a
5,4%) e alfa-cyperone (1,4 a
5,9%), além de limoneno, cineol, espatulenol entre outros que se apresentam
outros em menores concentrações.
Mustakone, um dos principais componentes da Priprioca |
Testes feitos na Universidade
Estadual de Feira de Santana (BA) comprovou a atividade microbicida do óleo
essencial e dos tubérculos de priprioca contra os seguintes microorganismos: E. coli, P. aeruginosa, Salmonela,
S. aerus (CCMB 262/263/285), B.cereus, C.albicans e C.parapsilosis.
A OMS estima que mais de 65% da
população dos países desenvolvidos utilizem plantas medicinais para cuidados
básicos com a saúde. Devido à atividade metabólica secundária dos vegetais
superiores, estes produzem substâncias antibióticas como mecanismo de defesa
contra predação por micro-organismos, insetos e herbívoros.
País de origem: Brasil (região
amazônica)
Propriedades gerais:
antiinflamatório, analgésico, antifúngico, antimicrobiano, anticonvulsivante, bactericida,
cefálico, citofilático, tonificante, repelente, sedativo, hepático e hidratante.
Ameniza distúrbios femininos como a TPM e a menopausa. Como afrodisíaco, atua
como tônico das gônadas, melhora a libido, estimula a liberação de testosterona
(frigidez, impotência).
Propriedades psicológicas: possui
qualidades aterradoras. Seu aroma terroso é indicado para pessoas avoadas,
desconectadas da realidade.
Segurança: O óleo essencial é
utilizado como abortivo por algumas comunidades indígenas. Como não há estudos
que comprovem ou desmintam essa finalidade, pede o bom senso que haja precaução
e se evite o uso deste óleo essencial durante toda a gestação.
Apesar de ser comprovadamente antifúngico e antimicrobiano,
o óleo essencial de priprioca, é pouco utilizado na terapêutica
e aromaterapia. Seu emprego maciço está principalmente na indústria de
fragrâncias, pois seu sofisticado perfume é capaz de fornecer uma nota floral
verde única a diversos produtos, de cosméticos a perfumes de luxo.
Quanto à culinária,
a priprioca ainda é pouco utilizada. O chef paulistano Alex Atala é
quem tem sido responsável pela divulgação desta raiz como alimento. Eis
sua resposta, concedida em entrevista a Leandro Aquino, quando
questionado sobre sua experiência com a priprioca, que é muito mais
conhecida no meio farmacêutico e cosmético do que no gastronômico:
"Falar em comer priprioca
aqui no Pará é quase um absurdo, né? Mas as indústrias cosmética e farmacêutica
conhecem mais as propriedades da Amazônia do que nós. Nos últimos sete anos, eu
tenho feito consultoria para a maior casa de aromas do mundo. Somos um grupo de
nove chefs, cada um de um lugar do mundo, que trabalha em conjunto. Durante a
pesquisa que nós fazemos a respeito de aromas, eu tive acesso à priprioca.
Descobri que não havia nada proibido em relação a ela, apesar de a legislação
para o uso tópico de um produto ser mais restrita que a para a ingestão. E eu
sempre gostei muito do cheiro da priprioca. Daí, a passei por um cromatógrafo,
para descobrir se existiam alcaloides ou qualquer outra substância que não pode
ser ingerida. Também não tinha. O processo agora é esse: divulgar e fazer as
pessoas entenderem a novidade. Primeiro os paraenses, depois os paulistas, os
brasileiros... E, quem sabe, o restante do mundo. É preciso convencê-los de que
é um produto com uma possibilidade de aplicação gigantesca (...) A
gente já faz chocolate com priprioca, doce de leite com priprioca,
ravióli de limão com priprioca, peixe com priprioca... É um produto que
não conhece doce ou salgado. Conhece cozinha."
Quem quiser experimentar, pode fazer um pudim de leite com priprioca, receita da Neide Rigo, do blog Come-se
Pudim de leite com priprioca
Pudim de leite com priprioca |
Para o caramelo1/2 xícara de açúcar
1/2 xícara de água
1/2 xícara de água
Para o pudim500 ml de leite integral
½ xícara de açúcar
2 batatinhas de priprioca descascadas e raladas ou picadas finamente
4 ovos grandes
½ xícara de açúcar
2 batatinhas de priprioca descascadas e raladas ou picadas finamente
4 ovos grandes
Ligue o forno a 200 ºC.
Prepare o caramelo: coloque numa panela o açúcar com a água, leve ao fogo e vá mexendo devagar até derreter e formar um xarope grosso, cor de caramelo. Distribua esta calda entre 8 forminhas de alumínio para pudim. Coloque-as sobre uma forma e reserve. Reserve também a panela de caramelo para usar no próximo passo.
Prepare o caramelo: coloque numa panela o açúcar com a água, leve ao fogo e vá mexendo devagar até derreter e formar um xarope grosso, cor de caramelo. Distribua esta calda entre 8 forminhas de alumínio para pudim. Coloque-as sobre uma forma e reserve. Reserve também a panela de caramelo para usar no próximo passo.
Para o pudim:
coloque metade do leite, o açúcar e a priprioca na panela "suja" de
caramelo e leve ao fogo. Espere ferver. Desligue o fogo, tampe a panela e
deixe em infusão por 10 minutos. Enquanto isto, misture bem com um
garfo os ovos com o leite restante. Junte o leite com priprioca e
misture bem. Passe tudo por peneira e distribua a mistura entre as
forminhas carameladas e leve ao forno pré-aquecido. Despeje água quente
na forma, até a metade da altura das forminhas. Feche o forno e deixe
assar em banho-maria por cerca de 30 minutos ou até que fiquem com
consistência gelatinosa. Espere esfriar e gelar antes de desenformar.
Para ressaltar o perfume, esfregue no prato um pedaço de priprioca. Para
desenformar, passe uma faca pequena nas laterais do pudim para
soltá-lo.
Rende 8 porções
Referências
Sites:
Come-se
Garden City
Jornal Beira do Rio:
Óleos Essenciais.org
Revista Leal Moreira
Artigos científicos:
Castellani, D.C.; Domenico, C.I.; Roncoletta, L.M.A.; Silva, A.C.; Tozaki
R.M.; Oliveira, D.H. Coeficientes técnicos de produção da priprioca
(Cyperus articulatus L.) em sistema orgânico, na região de Belém
(PA) Disponível em:
Acesso em 10/03/2015
ARAUJO, S.I. Atividade Antimicrobiana de Plantas Aromáticas que Ocorrem no Estado do
Pará. Disponível em:
Acesso em 10/03/2015
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